13 maio 2006

Moçambique

Gaza

Mia Couto
Beira (1955)

Companheiros

quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não tereri escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
por que andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
companheiros

5 comentários:

Anónimo disse...

oi stora, tem aqui um blog a maneira, gostei muito dos poemas que li aqui no seu blog, e também gostei de um poema que encontrei na internet, do Rui Knopfli, k e u seguinte:

Nenhum monumento

Não são aparentes em ti as marcas da grandeza,
nenhum monumento desfigura
ou altera a monotonia sem convulsões
do teu rosto quase anónimo.
A escassez de ogivas, arcobotantes,
rosáceas, burilados portais, cobra-la tu
na gravidade das tuas sombras
e do teu silêncio. Não vem sequer
da tua voz a opressão que cerra
as almas de quantos de ti
se acercam. Não demonstras,
não afirmas, não impões.
Elusiva e discretamente altiva,
fala por ti apenas o tempo.


Beijos, espero que gostem....
Cláudia Agostinho nº11 7º 2ª

K disse...

Olá Cláudia
Obrigada pelo seu contributo. Tem que ter atenção à maneira como escreve. Não está a escrever para si mas para os outros. (E é o N.º 11 do 7.º 2.ª.)
Até sempre.
Paula Cardoso

Anónimo disse...

Eu sou a Catarina de Sousa nº4 do 7º1ª e este poema também é de Mia Couto.


Poema da despedida

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo


fonte:http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/prosa/mcouto/raiz_orvalho.htm

K disse...

Olá Catarina
Obrigada pela sua contribuição. Continue a participar.
Boas férias.
Até sempre
Paula Cardoso

PedroTavares disse...

Ao navegar na Internet, encontrei por acaso este poema. Espero que goste!


"SÃO AS COISAS E TÊM ALMA PRÓPRIA"

São as coisas e têm alma própria
e as nomeio pedra água pau casa
e me equilibro e perco em seu centro
mas as trato como pessoas iguais a mim.
Nunca estou só como as crianças
que frente a ninguém estão no meio dos seus amigos.
São as coisas e povoam tudo como pessoas
e como pessoas me cercam e seu coração lhes bate e me chama.
Suas almas atravesso e as trato por tu

Jall Sinth Hussein

http://www.flickr.com/photos/poesia/162530057/
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Achei um poema interessante e muito bonito, logo, lembrei-me em incluí-lo aqui.
Continuação de boas férias,
Pedro Tavares.